Heroína Literária do Mês: Anne Elliot


Li "Persuasão" com um entusiasmo e uma dedicação quase obsessivos. Fascinou-me e transportou-me tão longe no tempo e no espaço, que não pude deixar de me sentir parte da própria estória. Anne Elliot, embora não seja a minha protagonista preferida de sempre, deixou também a sua marca , por ser uma personagem feminina tão fora do vulgar para a época.  
Anne é a filha do meio de um baronete vaidoso e afectado, completamente negligente em relação às filhas e alheio a tudo o que não seja sobre si próprio. Anne perdeu a mãe muito jovem e conta com a protecção da sua madrinha e amiga Lady Russel. Anne é bondosa, paciente e sensata ao contrário das suas duas irmãs, Elizabeth e Mary. A primeira parece esquecer-se que Anne existe a segunda, abusa da sua boa vontade e paciência.  
Mas Anne tem algo mais no seu passado, algo que quase todos desconhecem e que a fez sofrer em silêncio - oito anos antes (do ano em que se passa o enredo), Anne e Fredrick Wentworth amavam-se e pretendiam casar, o que não aconteceu pois Anne foi persuadida a não aceitar. 
O que mais admiro em Anne Elliot são a sua constância (mesmo depois de tantos anos continua a amar Fredrick sem nunca o ter esquecido) e a sua lealdade. Anne é uma mulher inteligente e sensata, que com o tempo, adquire maturidade para não se deixar persuadir tão facilmente como na sua juventude e demonstra verdadeira coragem e desenvoltura em situações que assim o exigem. Creio que o carácter reservado de Anne provem, não da sua personalidade, mas de uma certa melancolia resultante do facto de ser constantemente ignorada e subestimada, o que acresce ao sofrimento interior provocado pela certeza de ter perdido o amor da sua vida. Mesmo assim, é sempre doce e nunca perde as estribeiras.
Anne é-me uma personagem muito querida, não porque me identifique muito com ela, mas porque admiro as suas qualidades e gostei muito de as ver recompensadas com uma segunda oportunidade, no livro.

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